No dia 12 do passado mês de Janeiro, realizou-se na AUTITV mais uma palestra proferida pelo Dr. Madruga de Carvalho, sobre o "Ano Novo na História do Calendário".
A seguir se transcreve o conteúdo da referida apresentação:
"O nosso calendário, tanto civil como religioso, revela constantemente a herança de muitos séculos de história de comunidades humanas diferentes e em diferentes territórios.
As suas unidades mais simples, dia, mês e ano, mostram relações com medidas astronómicas e os movimentos da Terra em relação ao Sol e à Lua.
Outras medidas, como as semanas, são convenções muito úteis cujos dias se associam a relações astrológicas com mais astros e uma maneira de ver o nosso mundo como um microcosmos num macrocosmos.
Grandes intervalos de tempo são difíceis de pensar e de planear, pelo que recorremos a vários pequenos ciclos e os repetimos: os meses vão de 1 a 12, e depois voltamos a repeti-los, os dias da semana vão de 1 a 7, marcando o trabalho e o descanso, e depois voltamos a repeti-los de 1 a 7.
Mas quando queremos guardar nalguma memória acontecimentos pessoais ou colectivos, imaginamos sequências lineares que partem de um momento fundador em direcção a um futuro não repetido. A data do nascimento é repetida mas a acumulação de anos não pára nem volta atrás. Assim nasceram as Eras necessárias para identificação dos acontecimentos históricos ou documentos. A Era que usamos para a sequência dos anos é a Era de Cristo que contamos a partir do seu Nascimento, numa linha do tempo que se prolonga indefinidamente. A Era divide a linha do tempo, há um antes e um depois do momento fundador.
Outras Eras existiram no passado, muitas ainda hoje existem e outras se podem criar, como a Era espacial.
O dia de Ano novo lembra aquele momento fundador e celebra-o, repetindo-se, num desejo que continue a repetir-se. Antecipamos essa data para a preparamos e celebrarmos reunidos os laços que nos unem.
O antigo calendário solar egípcio marcava o Ano novo pelo aparecimento matinal da estrela Sírius, quando o Rio Nilo renovava a inundação das margens para fertilizar os campos de trigo, e por isso Heródoto disse que o Egipto era um ‘dom do Nilo’.
Na maioria dos calendários actuais, o dia de Ano novo está associado a uma das estações do Sol. Júlio César determinou que fosse o primeiro dia de Janeiro, a seguir ao Solstício
de Inverno, o Ano novo da Páscoa, para judeus e cristãos, está associado ao Equinócio da Primavera, cidades gregas como Atenas, celebravam o Ano novo no Solstício de Verão e as Olimpíadas ficaram a ele associadas, o Ano novo civil dos judeus está associado ao Equinócio do Outono, o Ano novo Chinês é marcado pelo mês lunar entre o Inverno e a Primavera, etc..
Outros calendários, como o muçulmano apenas se associam ao início do mês lunar e o primeiro dia do ano é o dia da Lua nova do primeiro mês, depois de terem completado 12 lunações, o que pode ocorrer em qualquer estação a cada 30 anos."
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