Fátima está ligada ao Fado e… ao Futebol. Lembram-se? Os três efes (FFF) que o Estado Novo terá elevado como bandeiras de Portugal e que muita crítica Salazar recebeu. Pois os três efes nunca foram tão sublimados como agora. N. Sr.ª de Fátima continua a ser o altar do mundo; o Fado passou a Património Imaterial da Humanidade e o Futebol promoveu Portugal a campeão da Europa (feito inédito) e a ver um seu futebolista eleito como o melhor do mundo.
Fomos pelos caminhos da história ao encontro de factos mais relevantes e menos conhecidos. A igreja de N.ª Sr.ª de Fátima, inaugurada em 1938, em Lisboa, com os seus impressionantes vitrais, é um assomo extraordinário. Já o Museu do Fado, fundado há duas décadas, talvez
ainda não tenha tido tempo para mostrar toda a história fadista, mais que centenária.
Com guias conhecedores das instituições, fomos em “visita de estudo” à igreja de N. Sr.ª de Fátima e ao Museu do Fado. Uma iniciativa oportuna da Prof.ª Maria Rita Sarreira (História Local e História de Portugal), cuja narrativa histórica disponibilizou aos participantes e que a seguir se transcreve:
(João Gouveia)
IGREJA DE N.SR.ª FÁTIMA
A fachada principal é retilínea e orientada a nascente. Do lado esquerdo apresenta um cunhal mais alto do que o edifício, onde está a imagem de Nª Sª de Fátima, de António Costa (1889-1970) com uma tocha em cantaria de calcário.
É rasgado por três janelões retangulares com vitrais desenhados por Almada Negreiros (1893-1970). A zona inferior, apresenta um corpo saliente coroado por 13 edículas retangulares com Jesus e os Apóstolo de FranciscoFranco (1885 -1955). A torre sineira assimétrica surge do lado direito com 45 m de altura. Está rematada em coruchéu otogonal com catavento de bronze no topo.
A fachada frontal e a posterior ostentam cruz latina. A capela-mór forma um polígono de cinco faces marcadas por vitrais inscritos em quadros com molduras. Na base da capela-mor estão no 1º piso as
capelas mortuárias e no 2º andar o cartório e a sacrist Junto aos portais há pias de água benta poligonais sobre mísulas. O arco principal triunfal, lembra a arte bizantina, com pintura de
Cristo ao centro e a inscrição em latim “Ofereceu-se a si mesmo a Deus, sem mácula”.
Na entrada, está um vitral de Almada Negreiro que representa a Santíssima Trindade com a companhia do Calvário, (Maria, Madalena e João) e figuras de guerreiro e da hierarquia, mas também anjos (2 com trombetas). O outro vitral, de Almada Negreiros, o maior na cabeceira da igreja em polígono penta facetado, apresenta os anjos cantores e músicos, em sinfonia, numa mancha azul celeste, cantando os louvores a Deus.
Por detrás do altar–mor está o sacrário num cibório composto por mármores em cantaria, onde surge uma estrutura de 4 pilares que sustentam a cobertura piramidal, forrada a mosaico dourado e com
símbolos eucarísticos que amparam o trono expositivo de 5 degraus escalonados.
O espaço que comporta o altar é coberto de um teto plano, onde surge a figura do Espírito Santo com um fundo azul.
Ao fundo, vemos as 4 figuras aladas aplicadas aos 4 Evangelistas. O coro-alto tem uma varanda pintada com o Coração da Virgem ao centro, é franqueado por santos portugueses (Teotónio, Bento Nuno Alvares, João de Deus, Gonçalo, António, e João de Brito) e do lado oposto santas portuguesas (Virgens Júlia e Máxima, Beata Teresa, Santa Isabel, Santa Luzia e a Beata Beatriz) frescos de Lino António.
Sobre o coro ergue-se um grande órgão iluminado por vãos protegidos por vitral, compondo uma crucifixão tripartida. As naves laterais estão iluminadas por 2 frestas com vitrais a representar turíbulos. São dedicadas a Santo António, Nossa Senhora do Carmo e Sagrado Coração de Jesus no lado do Evangelho e no lado da Epistola a Santa Teresinha, S. José e Nossa Senhora das Dores.
O batistério é da autoria de José de Almada Negreiros, os vitrais, os mosaicos, as pinturas, o gradeamento de ferro (da autoria de Júlio Ferry Borges) com figurações de água (purificação) peixes (ícone dos cristãos), árvores (árvore da vida) É constituído por um corpo de planta circular, no centro a pia batismal com a estátua de S. João Batista de Leopoldo de Almeida.
No lado esquerdo de quem entra, está um vital que representa a expulsão do Paraíso de Adão e Eva, lembrando-nos que por isso somos batizados. Na abóbada do teto tem pombas (Espírito Santo), ovelhas (os cristãos) em pastagens verdejantes e os veados. Ao entrar a cota é de grande desnível, símbolo da entrada do batizado para a assembleia.
O presépio de Maria Amélia Carvalheira está no último altar, ao fundo, do lado esquerdo da Igreja. É um presépio sóbrio, simples, moderno e sereno”.
MUSEU DO FADO
(Prof.ª Maria Rita Sarreira)
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