03/06/2019

Visita a Olivença

Continuando o estudo da História de Portugal, desta vez fomos fazer uma visita a Olivença, mas passámos por Elvas (onde almoçámos) e por Badajoz (onde jantámos e dormimos). 
Iniciámos a “caminhada” cerca das 8 h da manhã (dia 29 de maio) e pelas 11h começámos a avistar o Aqueduto da Amoreira, obra monumental, executada entre 1498 -1622 e custeada pelo “real de água”. No local mais elevado da cidade de Elvas está o castelo, que foi palco de acontecimentos históricos importantes (tratado de paz entre D. Dinis e seu filho, contratos de casamento de reis, príncipes e princesas). Elvas é circundada pelas imponentes fortificações de Cosmander, obra de D João IV, consideradas pela Unesco em 2012, Património Mundial da Humanidade. 
Após o almoço dirigimo-nos para Badajoz. 
Ao cruzarmos o rio Caia recordámos o “episódio da troca das princesas” a 19 de janeiro de 1729 (reinado D. João V). Deixámos em Espanha a princesa D. Bárbara que casa com o futuro Fernando VI de Espanha e trouxemos para Portugal a princesa D. Maria Vitória de Bourbon que será a esposa do futuro rei D. José I. 
Imaginámos como teria sido Elvas naquela época: a construção da ponte - palácio de madeira e dos pavilhões de ambas as margens do rio para receber o séquito real de D. João V e o séquito patriarcal de D. Tomás de Almeida, a porta de Olivença enfeitada com sedas, veludos e damascos, os arcos do triunfo a meio da rua da Olivença, da rua da Carreira e da rua da Praça encimados de alegorias aos deuses da antiguidade clássica e às Virtudes, as varandas cobertas de seda e o chão forrado de verdura. 
Quanta gente ali esteve! A comitiva era composta por 20 coches, 231 segues, 185 carroças e 6000 soldados, além da criadagem da ucharia e, ainda a prataria para o serviço de mesa e quartos. Houve festividades e muito fogo-de-artifício ao longo dos 15 dias em que D. João V aí permaneceu. Foram vividos momentos únicos da história da cidade de Elvas. 
Chegados a Badajoz, passada a Porta das Palmas, dirigimo-nos à Praça de Espanha, local de bastantes restaurantes e cafés. Ali está a Câmara Municipal à “sombra” da Catedral de S. João Baptista. 
Exteriormente a Catedral assemelha – se a uma fortaleza, com paredes grossas e maciças, ameias e uma torre de campanário. Apresenta três portas: a de S. João Baptista, de S. Brás e do Cordeiro. O interior do gótico tardio e o altar – mor com retábulo barroco lembram as nossas catedrais, ao fundo o coro plateresco e o órgão. Num dos altares laterais fomos surpreendidos pela imagem de Nossa Senhora de Fátima. 
Chegou a hora de descansar. Após o jantar demos um passeio despedida à beira do rio Guadiana. 
Pela manhã solarenga, ao fim de alguns minutos de viagem, avistou - se Olivença. 
Nós sabíamos que desde 12 de setembro de 1297 (Tratado de Alcanizes), com um interregno de 1580 a 1640 (domínio filipino), de 1640 a 1657 e de 1668 a 1801 Olivença esteve sobre o domínio de Portugal. Devido à Guerra das Laranjas (1801) perdemos Olivença. A questão foi apresentada pelos nossos representantes no Congresso de Viena (1814) e ficou decidida a obrigação de por “meios conciliatórios “ se efectuar o retrocesso do território a Portugal. Espanha não aceitou esta decisão e apresentou um protesto. Em 1917, ao assinar o tratado de Viena, Espanha iludiu o cumprimento deste dever antepondo a resolução de um acidente ocorrido no Brasil. Hoje “este assunto” está afastado das negociações diplomáticas. 
A guia foi ao nosso encontro Junto à muralha abaluartada.
Daqui partimos para a cidadela, construída pelos Templários e reconstruída por D. Dinis (1306) com muralhas espessas e grandes torres. Aqui está o Alcácer, conhecido pelo “castelo”, mandado construir em 1334 por D. Afonso IV, ampliado por D. João II com torre de menagem de 37 m de altura. De seguida percorremos as ruas estreitas da calçada portuguesa, ladeadas de prédios baixos e pintados de branco. Estaríamos numa pequena cidade portuguesa?!. 
Num pequeno cruzamento de ruas, visitámos a Igreja da Misericórdia, forrada de azulejos de Manuel dos Santos, que retratam as obras da caridade, e contemplámos os retábulos barrocos dos altares. Estávamos de novo em Portugal?! 
A caminho da Igreja de Santa Madalena passámos pela porta manuelina da Câmara Municipal, com a Cruz de Cristo, o brasão de armas portuguesas e o escudo de Olivença constituído por torre e oliveira. No chão, aos nossos pés, na calçada portuguesa está o desenho do sistema de abaluartamento da cidade mandado construir por D. João IV. 
Um pouco à frente ergue -se a igreja de Santa Madalena considerada o ex- libris da cidade. Foi mandada construir por D. Manuel I (1512) e impulsionada pelo bispo de Ceuta que aqui esteve e jaz. Sendo um edifício religioso, tem aspecto militar. Apresenta um portal notável pelo seu programa decorativo renascentista da autoria de Francisco Loreto (1540). O interior tem três naves com abóbadas de arcos diferentes e colunas torcidas. Os altares são de talha dourada sobre azulejos do séc. XVIII alusivos à vida do santo aí venerado. E, a ideia da identidade cultural portuguesa, está sempre presente e já não nos irá abandonar! 
Por fim, voltámos à alcáçova e visitámos a igreja de Santa Maria do Castelo, construída no séc. XIII e reconstruída por Filipe I de Portugal (1584). É uma Igreja, onde predomina o estilo clássico, com três naves e altares barrocos. A capela do lado de Evangelho tem um antigo retábulo de madeira colorido com a Árvore de Jesse, que mostra a filiação entre o Antigo e Novo Testamento e remata com a Virgem Maria e Jesus Cristo. 
Despedimo-nos da guia e de novo percorremos as ruas de calçada portuguesa até à Praça de Espanha. Almoçámos e o menu agradou - nos muito. 
De regresso a casa, houve uma surpresa. Parámos após alguns quilómetros … e do nosso lado direito fomos surpreendidos por uma pequena colina que ostenta uma encantadora Igreja e … mais abaixo, ali estão, sobre o rio Guadiana, as ruinas da Ponte de Nª Sra. da Ajuda mandada refazer por D. Manuel I, que ligava Elvas a Olivença e que os espanhóis dinamitaram em 1709 por altura da Guerra da Sucessão de Espanha. Mas … a 400 m a jusante, vemos uma ponte moderna, que foi construída com dinheiro português. Foi inaugurada em setembro de 2000, no dia de S. Mateus e está sob a responsabilidade do Município de Elvas. 
Tudo correu bem até Torres Vedras e os nossos objectivos foram cumpridos.

Maria Rita Sarreira
Prof.ª de História

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