09/12/2019

Palestra: Era uma vez ... o poeta Ruy Belo

No passado dia 6 de Dezembro, na Universidade da Terceira Idade de Torres Vedras, o professor Joaquim Moedas Duarte proferiu uma palestra sobre o poeta Ruy Belo. Apoiado numa cuidada apresentação informática, referiu muitos dados relacionados com aquele autor:
Rui de Moura Ribeiro Belo nasceu em S. João da Ribeira do concelho de Rio Maior em 27 de Fevereiro de 1933.
Frequentou o liceu de Santarém e a Universidade de Coimbra como estudante de Direito mas terminou a licenciatura na Universidade de Lisboa. Em 1956 foi para Roma e estudou na Universidade de S. Tomás de Aquino, onde obteve o doutoramento em Direito Canónico em 1958. Foi membro da Opus Dei durante dez anos mas abandonou a fé católica.
Foi diretor literário da Editorial Aster e Chefe de redação de revista Rumo. Em 1967 concluiu a licenciatura em Filologia Românica Universidade de Letras de Lisboa com uma bolsa da Fundação Gulbenkian. 
Foi funcionário superior do Ministério da Educação mas as suas catividades passaram a ser muito vigiadas devido à sua tendência de oposição ao regime político da época. Na oposição ao regime de Marcelo Caetano, foi candidato pela CEUD nas eleições de 1969.
De 1970 a 77 foi Leitor de Português na Universidade Complutense de Madrid. Faleceu em 8 de Agosto de 1978, na sua residência em Queluz, vítima de edema pulmonar. Em 1991 foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem de Torre e Espada.
O orador falou sobretudo da obra poética de Ruy Belo, iniciada em 1961 com o livro “Aquele grande rio Eufrates” e prosseguida com outras obras como “O problema da habitação – Alguns aspectos”, “Boca bilingue”, “Homem de Palavra(s)”, “Transporte no tempo”, “A margem da Alegria”, “Toda a Terra” e “Despeço-me da Terra da Alegria”. Os seus escritos ensaísticos e de crítica literária foram reunidos no livro “Na senda da poesia”.
Moedas Duarte desenvolveu muitos aspectos da poética de Ruy Belo, destacando como palavras-chave, para a leitura dos muitos poemas que citou ou leu, “quotidiano, alegria e finitude”. A concluir, disse: “A tristeza de Ruy Belo não me entristece, antes me empolga, me exalta, me faz sentir mais humano. Porque nele a tristeza não é sentimento negativo, é consciência lúcida do real, muitas vezes temperada de uma ironia suave e, por vezes, humorística – como é o seu próprio epitáfio que foi gravado na pedra da sua campa rasa, em S. João da Ribeira”.

Joaquim Cosme

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