Do nosso colega Joaquim Cosme chega-nos este interessante relato de uma visita efectuada ao Museu do Fado, que a seguir se transcreve:
Estamos no Museu do Fado
O fado foi recentemente considerado património imaterial da humanidade pelo que resolvi escrever algumas impressões relacionadas com uma visita que fiz ao Museu do Fado.
Peço-vos silêncio como se estivessem a ouvir cantar o Fado. Mas por pedir silêncio não pensem que o fado é só tristeza, ou só canta a desgraça. Há o fado corrido que é bem alegre e popular. E até se pode dançar enquanto se canta. O fado já foi tema de teatro, de cinema, de rádio, de televisão e fez sucesso em muitas revistas do Parque Mayer.
Ao entrarmos no Museu salta à vista grandes painéis com fotografias de fadistas como Berta Cardoso, Alfredo Marceneiro, Júlio Peres, Fernanda Maria, Fernando Farinha, Celeste Rodrigues, Tony de Matos, Argentina Santos, Martinho da Assunção, Joel Pina, Carlos do Carmo, Lucília do Carmo, Manuel de Almeida, Carlos Ramos, Maria Teresa de Noronha, Amália Rodrigues, Hermínia Silva, Anita Guerreiro, Tristão da Silva e tantos, tantos outros.
E através do auscultador que é fornecido à entrada pode-se ouvir cantar fados por muitos destes artistas, mas também por outros mais novos como Joana Amendoeira, Mafalda Arnaulth, Mariza, Camané, ou Kátia Guerreiro.
Estão expostas cópias de discos cantados por Ercília Costa, Dr. António Menano, Adelina Fernandes, Manuel de Almeida, Estevão Amarante, Maria Vitória ou Armandinho.
Podem ser vistas guitarras e violas. Fica-se a saber que a guitarra é instrumento de meados do século XVIII e veio de Inglaterra. Era utilizada nos círculos da burguesia e só a partir de 1840 é que aparece ligada ao fado.
E também se fica a saber que os fadistas tinham por hábito usar tatuagens representando navios, guitarras, flores, corações trespassados ou corações unidos. Que o fado deixou de ser exclusivo das tabernas e passou para os grandes salões. Que esteve sujeito aos meios de censura. Que as primeiras letras cantadas eram de autores anónimos mas depois cantaram-se poetas de destaque da nossa literatura como Florbela Espanca, Luís de Camões, David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Melo, José Régio, Alexandre O’Neill, José Carlos Ary dos Santos, Manuel Alegre ou Fernando Pessoa.
No entanto, Martinho da Assunção escreveu: Por muito que se disser/o fado é canção bairrista/Não é fadista quem quer/mas sim quem nasceu fadista.
Sugiro que visitem este Museu."
(Joaquim Cosme)