No próximo dia 1 de Março a AUTITV vai realizar uma visita de estudo ao Concelho de Alcobaça, organizada pelo Professor da disciplina "Oficina da Escrita", Dr. Novais Granada.
A este propósito o colega Joaquim Cosme fez-nos chegar o seguinte texto que aborda alguns aspectos interessantes, nomeadamente os que se referem à origem do nome desta cidade:
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VAMOS VOLTAR A ALCOBAÇA?
Diz o poema de Silva Tavares, musicado por Belo Marques e cantado por Maria de Lurdes Resende (Já lá vão uns 50 anos!), que “quem passa por Alcobaça não passa sem lá voltar”. Não admira que seja verdade, já que se trata de uma terra de grande beleza. Seja voltar ou ir pela primeira vez, saberão a razão do nome desta cidade?
Os estudiosos destes assuntos ainda não chegaram a conclusões. Uns dizem provir dos romanos, outros dos árabes ou até dos visigodos. Cada um tem a sua razão pelo que há várias hipóteses. Mas o que está mais popularmente divulgado é que a palavra Alcobaça deriva dos dois rios, o Alcoa e o Baça. Rios que lá se juntam formando um só, que vai desaguar próximo da Nazaré mas aí designado apenas por foz do Alcoa, Alguns linguistas dizem que foi o inverso, isto é, que os rios é que foram buscar os seus nomes ao da terra.
Também é conhecida uma lenda divulgada pela própria Câmara Municipal que diz que em tempos muito recuados existiu um par de namorados loucamente apaixonados, Mas o rapaz, porque era pobre e queria ser rico, abandonou a rapariga e foi para outras terras. Ela chorou tanto, tanto, que as suas lágrimas se transformaram num rio. Mais tarde o rapaz voltou (a lenda não diz se pobre ou rico) e procurou reactivar o namoro. A rapariga acabou por ceder e também ele chorou e destas lágrimas nasceu outro rio.
O rapaz chamava-se Baça e a rapariga Alcoa. Os rios de lágrimas, diz a lenda, tomaram os nomes dos namorados.
Quer o nome de Alcobaça derive dos nomes dos rios ou estes do nome da cidade, o que é certo é que estão tão intimamente ligados que não se podem dissociar, Se em Alcobaça não existisse abundância de água é de crer que a Ordem de Cister não se teria aí instalado e fundado o célebre mosteiro. A água era a grande riqueza da zona.
Presentemente há apelos à poupança deste líquido, mas os monges davam-se ao luxo de lavarem a loiça em águas correntes visto que a cozinha é atravessada por um braço do rio Alcoa.
Intimamente ligado a Alcobaça está o célebre romance entre o rei D. Pedro I e D. Inês de Castro (que foi rainha depois de morta!) visto que os seus túmulos estão em grande destaque no transepto da Igreja. Nos Lusíadas, Camões fala deste amor. Nesses túmulos são visíveis as mutilações causadas pelas tropas francesas quando das invasões.
O mosteiro tem uma das maiores igrejas de Portugal e é património Mundial. Mas há mais para ver em Alcobaça: as igrejas da Misericórdia e a de Nossa Senhora da Conceição, as ruínas do Castelo e a capela de Nossa Senhora do Desterro são monumentos nacionais. Há ainda os produtos afamados como loiças, frutas, compotas e vinhos. Não se fique, portanto, o visitante só pelo mosteiro e pelo largo fronteiriço. Uma visita pelo interior da cidade com os seus encantos também se justifica.
Outra curiosidade acerca do nome de alcobaça (com letra minúscula). Se se consultar um dicionário encontra-se o significado de lenço grande de algodão, usado principalmente por pessoas que cheiram rapé.
Camilo Castelo Branco no seu romance A Brasileira de Prazins escrito em 1882 diz: “aparando as lágrimas no alcobaça”
(Joaquim Cosme)
Quem passa por Alcobaça
Não passa sem lá voltar.Por mais que tente e que faça,
É lembrança que não passa
Porque não pode passar.
Não se esquece facilmente,
Dos seus mercados a graça.E o seu Mosteiro imponente
Recorda constantemente,
É lembrança que não passa.
Por mais que tente e que faça
Ninguém se pode esquecer,Das margens do Rio Baça,
Nem do Alcoa que passa
Por ser mais lindo de ver.
Sua lembrança não passa,
Porque não pode passarPor mais que tente e que faça,
Quem passa por Alcobaça
Tem que por força voltar.
(Poema escrito por Silva Tavares, musicado por Belo Marques e cantado por Maria de Lurdes Resende nos anos 50 do século passado)
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