Comunidade judaica em Torres Vedras
A presença da comunidade judaica em Torres Vedras deve ser vista à luz dos diferentes contextos para que se possa compreender, ainda que dentro das limitações, quanta influência terá tido nos aspectos económicos, religiosos, sociais e culturais, nomeadamente. Outro bem, é fazer um circuito pelo Bairro Judaico (Judiaria) tendo como guia a historiadora Isabel Luna, do Museu Municipal; a visita torna-se num despertador para o conhecimento de lugares que escapam ao cidadão que por ali passa e desconhece que séculos antes por ali passaram e viveram judeus.
Uma visita guiada pela Dr.ª Isabel Luna que os seniores da AUTITV ficam muito gratos. Antes, porém, saudar a Prof.ª Rita Sarreira que foi quem teve a iniciativa da visita e dedicou aulas sobre o tema judaico em Torres Vedras. A história pode assentar sempre sobre os mesmos pilares, ter as mesmas raízes, mas nunca se esgota e sempre deixa espaço para algo mais. Visitar o Bairro Judaico torriense na companhia de ilustres "historiadoras" é um privilégio inesquecível.
O texto entregue aos seniores, previamente preparado pela Prof.ª Rita Sarreira e centrado no Centro Interpretativo da Comunidade Judaica (CICJ) é um pequeno compêndio de informação a não perder. Vejamos:
O CICJ ocupa um conjunto de edifícios de arquitectura tradicional, conhecido por Cerca de Josefa. Integra as "Rotas de Sefarad: Valorização da Identidade Judaica Portuguesa no Diálogo Interculturas", promovido pela Rede de Judiarias de Portugal, com o apoio do Mecanismo do Espaço Económico Europeu. No CICJ estão dispostas, em quatro salas, as referências mais marcantes da comunidade judaica em Torres Vedras.
Continuando a citar a Prof.ª Rita Sarreira. "Os judeus são nómadas e semitas, descendem da tribo de Judá, uma das 12 tribos de Israel, tendo como patriarca Abraão. A partir de 70 d. C. deu-se a 2ª diáspora com a destruição do 2º Templo e os judeus dirigiram-se para o Oriente, África e Europa.
A presença de judeus, na Península Ibérica, está confirmada arqueologicamente desde o séc. II e através de documentos desde o séc. X. No tempo de D. Afonso Henriques, séc. XII, viveram vários judeus na Corte, destacando-se o rabi-mor do rei Yahian Aben - Yaied. Portugal reconheceu-lhes liberdade, exigiu-lhes obrigações ficais, e privou-os de alguns direitos. Tinha-lhes sido permitido exercer actividades agrícolas e comerciais, financeiras e artesanais. Muitos dos judeus dedicaram-se à ciência e às artes. Geralmente viveram nas áreas urbanas, em judiarias ou alfamas, cumprindo as normas estabelecidas.
Há referências, à presença de judeus em Torres Vedras, a partir do séc. XIII. Nesta época era já uma comunidade organizada e rica, pois em 1269, reinado de D. Afonso III (1210-1279) há notícias do casal Moisés e Aviziboa, grandes proprietários".
Estes dados compilados pela Prof.ª Rita Sarreira, cuja paixão pela história Local e de Portugal é merecedora de um carinho de amizade pelos seniores (alunos), leva-nos a saber que "em dezembro de 1496, com a publicação do Edito de Expulsão, foi ordenada a retirada de judeus que não se convertessem até à Páscoa de 1497. Os judeus torrienses repartiram-se entre a integração na sociedade cristã (tornando-se cristãos-novos) ou os caminhos da diáspora. No séc. XVII a Irmandade do Senhor de Cristo terá estado na origem da mudança do nome da rua CRISTÃOS NOVOS E INQUISIÇÃO".
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