DISCUTINDO A IDADE MÉDIA - TEMPOS DE LUZ OU IDADE DAS TREVAS?
Oradora: Profª Manuela Catarino
Com uma sala repleta de ouvintes interessados e intervenientes, a oradora iniciou a palestra pelo uso depreciativo do conceito de Idade Média na actualidade, fez uma breve resenha sobre a visão cr
onológica e perspectiva historiográfica.
Suportou a sua intervenção interessantíssima, com projecções de iluminuras medievais de diversas proveniências, ilustrando a discussão ao longo do tempo.
A Idade das Trevas, baseada na igreja católica, muito austera nessa época, afirmava que “Cristo não ria”. Logo, ninguém ria, mito que cai por base, ao vermos nas projecções da oradora, um anjo a sorrir e iluminuras onde várias mulheres aparecem a brincar e a rir.
Outros mitos são desconstruídos, como: a falta de higiene e do banho. Há ilustrações da época, em que homens e mulheres tomavam banho nos ribeiros e rios.
A Idade das Trevas, era considerada por muitos que a religião impedia o desenvolvimento da razão, das artes, das ciências e da cultura. Era o tempo das sombras e da escuridão.
As igrejas romanas de estreitas janelas, reduzia a luz no interior. No entanto, mais tarde, dentro da mesma época, o estilo gótico veio ampliar não só o espaço interior, como o número de janelas aumentadas na sua dimensão. Estas eram revestidas de vitrais contrariando a escuridão.
Os exemplos de invenções técnicas e artefactos para a vida quotidiana são a prova contrária da estagnação. Inventam-se os botões, os óculos, as notas musicais e o relógio mecânico que revoluciona o tempo urbano.
A vida no campo sofre o êxodo de rurais para a cidade, procurando melhor situação – significado económico-social. Refere-se à nova mentalidade medieval a frase: ”o ar da cidade liberta”.
O papel da mulher medieval é tido por alguns escritores, de relevo nulo. No entanto, a mulher rural trabalhava no campo e vendia os seus produtos em tendas. Na cidade, a figura feminina afirma-se no plano intelectual.
A palestrante refere o exemplo, de entre muitos, Christine Pizano nascida na República de Veneza que viveu em França e fora poetisa e filósofa. Era crítica da misoginia, defendendo o papel vital da mulher, no séc. XV. Não podemos esquecer que algumas mulheres na Idade Média, foram médicas, parteiras e outras profissões, todas estas documentadas.
A Prof.ª Manuela Catarino é uma estudiosa da Idade Média e citou-nos o historiador francês, Jacques Le Goff, cuja a teoria se baseia no alargamento da Idade Média até à Era Industrial, onde a transformação de tudo e todos é total.
A oradora sugeriu a leitura de dois livros: “A Verdadeira Idade das Luzes”, de Seb Falk, e “Luz sobre a Idade Média” de Régine Pernoud.
Maria João Menezes