Ao longo de um dia, um dia com muito calor, a visita à cidade de Castelo Branco permitiu uma aproximação falada à história da região, desde a época medieval até os dias de hoje, quer na visita ao Museu Francisco Tavares Proença Júnior quer ao Jardim Episcopal, e: no Museu Manuel Cargaleiro, a obra de um dos maiores artistas portugueses do século XX não deixou ninguém indiferente, e a importância da arte na sociedade plasmada no Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, pôs a nu a beleza e a delicadeza dos trabalhos realizados pelas bordadeiras locais.
O almoço (um excelente almoço com excelentes sabores, refira-se), no restaurante Kalifa, criou a oportunidade de desembrulhar conversas vadias sobre os mais diversos temas em causa: do calor e do trânsito às artes centenárias, do tempo histórico à comunidade local e à sua qualidade de vida, da geografia regional à vontade de conhecer um ecossistema único, com diversas espécies de plantas e animais que vivem na região de Castelo Branco.
Assim, na parte da manhã, o grupo, constituído por 33 participantes, foi dividido em dois e iniciou a visita ao (*1.) Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco (que visa contribuir para a revalorização, recuperação, inovação e relançamento do Bordado de Castelo Branco - o ex-libris da cidade e do concelho) e ao (*2.) Museu Cargaleiro (cujo objectivo central é a divulgação, o estudo e conservação das peças que integram o acervo da Colecção de Arte da Fundação Manuel Cargaleiro). No Centro de Interprertação doBordado de Castelo Branco (*1.), o percurso levou-nos pelas origens do Bordado de Castelo Branco, desde a sementeira do linho à tecelagem, passando pela criação do bicho da seda e extração da matéria prima, evolução do Bordado e da técnica (pontos), bem como o enquadramento histórico e a simbologia. No Museu Cargaleiro (*2.), constituído por dois edifícios contíguos - o Solar dos Cavaleiros e um edifício contemporâneo (o Museu Cargaleiro), fomos confrontados com uma exposição, que conta com mais de três centenas de obras, tendo por base a Vida e Obra de Manuel Cargaleiro (artista multifacetado), e repartida por três núcleos: Núcleo Manuel Cargaleiro, com 200 obras do artista, distribuídas por três pisos, evidenciando as diversas fases do artista como pintor e como ceramista, numa retrospetiva pelo seu percurso e pelas técnicas utilizadas; Núcleo de Cerâmica (no Solar dos Cavaleiros), onde está patente parte da Colecção de Cerâmica da Fundação, com exposição de Faiança Ratinha e Cerâmica de Triana; Núcleo de
Cerâmica Contemporânea, com exibição de obras distintas e únicas de prestigiados artistas nacionais e estrangeiros.
A parte da tarde, depois do excelente almoço, foi a vez de visitarmos o( *3.)Museu Francisco Tavares Proença Júnior e o (*4.) Jardim do Paço Episcopal . O (*3.) Museu Francisco Tavares Proença Júnior, ocupa um notável edifício barroco. Sendo a sua matriz fundadora a Arqueologia, nele estão expostos importantes conjuntos de epigrafia romana, megalitos da Idade do Bronze, ourivesaria da Idade do Ferro e materiais dos períodos Neolítico e Paleolítico. Fazem parte da coleção peças de arte antiga herdadas do Paço Episcopal: pintura, tapeçaria, escultura e objetos do séc.XVI ao séc.XIX. Um dos núcleos principais do Museu é dedicado aos tecidos bordados: à paramentaria, ao traje e às tradicionais colchas antigas de Castelo Branco (bordadas em linho com fios de seda natural). O Museu, também, inclui obras de artistas contemporâneos e exibe peças de Arte Sacra que refletem a riqueza cultural e religiosa da região. No (*4.) Jardim do Paço Episcopal (um exemplar do Barroco em Portugal), podemos apreciar , percorrendo o jardim e/ou observando-o a partir do varandim do Museu (*3.), o esplendor da sua composição com vários patamares, onde se destacam: o Jardim do Buxo com os seus cinco lagos, a Escadaria dos Reis de Portugal, a Escadaria dos Apóstolos, a Escadaria de Moisés, etc.. Todo o Jardim do Paço é rico em simbologia e pontuado por estatuária, com a água como elemento central. À entrada do Jardim, delimitando o seu muro frontal, podemos apreciar os painéis de azulejo figurativo, monocromo, azul sobre fundo branco, representando várias vista (antigas) de Castelo Branco.
Pois não, não aconteceu mesmo. Por falta de tempo, não foi possível visitar a Sé Catedral e também a música e a dança não marcaram presença na programação para proporcionarem momentos de alegria e descontração. Aí está algo a não esquecer numa outra próxima visita cultural. Mesmo assim, a visita a Castelo Branco correu bem, foi uma experiência única, de aprendizagem valiosa, que importa preservar e potenciar e divulgar.
Pois sim, é mesmo verdade, há quem garanta que a cidade de Cataleuco é, na tradição albicastrense, a origem da cidade de Castelo Branco. Será?
Texto: M.ª Conceição Anes
Fotos: Patrícia Ballu
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