No dia 21 de maio, a professora Rita Sarreira organizou uma visita de estudo, no âmbito da disciplina "História de Portugal", ao Forte de Santo António da Barra, em Cascais.
Foi Filipe I de Portugal, que em finais de 1589, incumbiu o engenheiro militar italiano Vicenzo Casale a elaborar uma planta de uma fortaleza entre S. Julião da Barra e Cascais, para melhorar o sistema defensivo da barra de Lisboa.
Tinha sido por esta zona que se concretizou a campanha do Duque de Alba para tomar a capital e trono português.
Filipe I pretendia, assim, evitar o acesso a Lisboa pelo rio e eventuais desembarques na linha da costa de corsários ingleses e holandeses.
A fortificação marítima apresenta uma planta poligonal irregular estrelada, com dois baluartes exteriores ligados por revelins em "V" rasgados por canhoeiras e guaritas cilíndricas com cúpulas nos vértices.
Pelo lado do mar foi erigida uma construção amuralhada de planta retangular. O forte era envolvido por um fosso exterior com contra-escarpa e estrada coberta. No interior, dois edifícios oblongos separados por um pátio coberto estreito, serviam de quarteis aos soldados, armazéns e outras dependências necessárias à vida no interior. Entre os dois edifícios encontra-se uma pequena Capela dedicada a Santo António, que atualmente não se pode visitar, apenas ver de cima.
Após a restauração da independência em 1640, a coroa portuguesa iniciou uma ampla reforma das fortificações terrestres e marítimas existentes ao longo da consta atlântica sob a direção de D. António de Meneses, Conde de Cantanhede. Este forte sofreu obras de remodelação e ampliação que alteraram o seu projeto inicial.
Com o terramoto de 1755, ficou altamente danificado e foi objeto de obras de recuperação em 1762/63 no contexto da participação de Portugal na guerra dos sete anos.
Apesar da sua importância, vai perdendo a sua função estratégica. Os efetivos militares foram diminuindo assim como a sua capacidade de fogo, sendo abandonado, degradou-se rapidamente.
Em finais do século XIX já sem qualquer função foi instalado um posto da Guarda Fiscal.
A partir de 1915, as suas instalações passaram a ser utilizadas como campo de férias do Instituto Feminino de Educação e Trabalho de Odivelas, até 2015.
Em meados do século XX foram executadas obras de remodelação e adaptação para residência de férias do Presidente do Conselho de Ministros Dr. António de Oliveira Salazar.
Os espaços interiores ostentam um importante conjunto de património integrado no período do Estado Novo. Azulejos azuis e brancos ou de padrão policromo dispostos em silhares ou painéis representando monumentos nacionais e momentos heróicos da História de Portugal, que tivemos oportunidade de apreciar e fotografar.
Os aposentos privados do Dr. Oliveira Salazar situavam-se no andar de cima. Também tivemos ocasião para os visitar, em particular o seu escritório onde teria ocorrido, neste ou em outro local, a célebre queda da cadeira entre 1 e 4 de agosto de 1968. Esta situação condicionou a sua saúde física e intelectual e provocou a sua morte dois anos depois.
Embora sem mobiliário, podemos ter uma perspetiva de como seria à época, através de um painel ao fundo da sala representando o seu escritório.
Em 2018 o forte foi entregue à Câmara Municipal de Cascais, pelo Ministério da Defesa, depois de um período de total abandono, degradação e vandalização, que procedeu à sua total recuperação e a 25 de abril desse mesmo ano foi inaugurado. Aberto ao público aos fins de semana e feriados gratuitamente merece uma visita por todos os que se interessam pela nossa história.
Tivemos a oportunidade de dar uma volta ao forte, observar e entrar nas guaritas, sempre com uma vista deslumbrante para o mar.
Esta fortaleza foi classificada como Monumento de Interesse Público pelo Dec. Lei 129/77 de 29 de setembro.
Para finalizar a nossa visita a Cascais demos um passeio pelo centro histórico da vila, animado com inúmeros turistas e uma feirinha de artesanato.
Regressamos bem dispostos, mais ricos em conhecimentos com esta visita que a professora Rita nos proporcionou e uma tarde de alegre convívio, a primeira pós pandemia.
Maria Margarida Raposo
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