No dia 23 de Maio de 2024, a oradora Dra. Manuela Catarino veio à AUTITV para nos agraciar com mais uma palestra e desta vez sobre o dito tema.
Falou sobre as dificuldades de vida socioeconómicas do séc. XVIII e XIX e como eram cuidadas as crianças enfaixadas nessa época, de modo a darem menos trabalho, mas que provocava uma elevada taxa de mortalidade infantil não só por este tratamento como também por múltiplas doenças e falta de hábitos de higiene. Com frequência, os menores faleciam, provocando um distanciamento na relação familiar.
A par da Roda de Lisboa, de onde vinham crianças expostas para serem entregues a amas, também em Torres Vedras foi criada a Roda numa casa contigua à Igreja de Santiago e em 24 de Maio de 1788 houve um acórdão de vereação da CMTV onde se dispunha dos encargos para a dita.
Em 1814 houve a necessidade de fazer uma reformulação da estrutura da Roda dos Expostos de Torres Vedras.
As crianças eram depositadas na Roda, normalmente a coberto da noite, não só por dificuldades económicas, mas também por vergonha de mães solteiras, fruto de relações extraconjugais e outras causas que, por vezes, levava a acompanhar com o exposto um bilhete ou um sinal que permitiria a família biológica resgatar a criança.
Por serem recém-nascidos ou com poucos dias de vida, as crianças eram batizadas e entregues a amas de leite que, naturalmente, eram mulheres que amamentavam os filhos e que recebiam um enxoval para o exposto e um pagamento.
Infelizmente, muitos expostos morriam em tenra idade. Aos 7 anos, os que sobreviviam eram entregues a um juiz. Poderiam, então, ser encaminhados para profissões, continuar ao cuidado das amas ou ser resgatados pela família biológica.
Em 1867 foram abolidas as Rodas por decreto lei de 11-11-1867, tendo sido substituídas por Hospícios.
Helena Pina