políticos opositores ao regime salazarista. Aqui aguardavam, com a maior angústia, a chamada para a “António Maria Cardoso”, sede da PIDE onde iriam ser interrogados, ou daí regressavam para conhecer qual o seu destino, ou melhor dizendo, para qual das prisões iriam ser encaminhados.
desde a tortura de estátua, a gota de água, o isolamento contínuo, etc. Todo o museu está impregnado de uma enorme carga dramática.
Certamente ficou na memória auditiva de todos nós o som da campainha do telefone, que na altura servia de aviso para que um dos presos fosse conduzido à sede da PIDE para interrogatório, e muito provavelmente para ser sujeito à tortura necessária para obter a confissão, ou a sua transferência para outra cadeia, o que provocava uma enorme angústia aos detidos.
de grande coragem, resistência e capacidade de sofrimento em defesa dos seus ideais. Não referiremos nomes, pois a sua lista é infindável e todos mereceriam ser citados. As fotos das fichas da prisão apresentadas num painel ilustram o elevado número de prisioneiros.
O Museu faz também uma viagem por outras prisões do então “Império Colonial Português”, mostrando as cadeias de Cabo Verde “Tarrafal”, Guiné, S. Tomé, Angola, Moçambique, Goa Damão e Dio e Timor e ainda, no continente as de Peniche, Trafaria, Caxias.
Uma das salas transporta-nos numa viagem iconográfica que ilustra o decorrer da História desde o início da 1ª República, o início da prisão até aos tempos mais recentes, passando pelo Estado Novo, o período colonialista, os movimentos de libertação das “províncias ultramarinas”, a “era da abertura marcelista”, o 25 de abril, terminando com imagens da Assembleia Constituinte.testemunho do poder, tais como o “famoso” discurso de Salazar em Braga, em 28 de maio de 1936, no qual afirma “não discutimos Deus, não discutimos a pátria, não discutimos a família, não discutimos a autoridade e não discutimos o trabalho”, e ainda alguns depoimentos de ex-prisioneiros, como testemunho da resistência: Camilo Mortágua Domingos Abrantes, de entre tantos outros.
Também podemos observar alguns exemplares de documentos censurados pelo “lápis azul” e ainda algumas normas emitidas pela PIDE, emanando diretrizes para os noticiários, ou punindo quem prevaricou, publicando “o que não devia”, como foi o caso do Diretor do Jornal República, o qual foi punido com 3 dias de suspensão.
Foi possível observar a reconstituição do equipamento e instalações de impressão de panfletos e jornais que eram publicados pelos núcleos de resistência e divulgados, sempre de forma clandestina e com risco da própria vida.
A visita termina com uma sala dedicada ao 25 de abril e uma
frase emblemática que nos ajuda a não esquecer o passado e nos encaminha para o
futuro, ainda que incerto, pelo menos melhor que o passado, “Sem memória não há
futuro”.
Zacarias Dias
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