22/04/2024

ECOLOGIA HUMANA _ As Populações Humanas na Bioesfera e na Socioesfera Cultura e Natureza

Sob este título, foi apresentada no dia 18.04.24 pelo nosso sócio e colega, o antropólogo Dr. Miguel Peixoto, uma palestra na qual se apresentaram os principais aspectos inerentes ao conceito de Ecologia Humana, a qual, na sua definição, “tem como objecto de estudo a relação do ser humano com o seu ambiente natural”.

A abrir, fez uma resenha da evolução histórica do conceito, desde a visão Aristotélica dos Gregos e Romanos, do domínio do Homem sobre a Natureza, passando pela visão crescentemente antropocêntrica do Renascimento, Humanismo e Racionalismo, até ao conceito do Romantismo que exorta à fruição da Beleza da Natureza, ideias que tiveram grande influência até em filósofos como H.W.Thoreau e, mais recentemente, Edgar Morin e o seu Pensamento Complexo.

Perante os efeitos nefastos da Industrialização, nasceram novos paradigmas como a Integração e Interdependência de todas as disciplinas e ramos da ciência, a Sustentabilidade, uma atitude Holística e a defesa de novas práticas para salvaguardar as gerações futuras.

Assim, a Ecologia (do grego “oikos” = casa e “logos” = conhecimento) exerce hoje uma profunda influência sobre as várias vertentes da nossa vida, desde a Saúde, que é um ecosistema em si, abarcando temas tão diversos como a biologia (alimentação) ou a pesquisa de novos tratamentos (robots, inteligência artificial), à Arquitectura, habitacional, urbana e paisagística, ao Trabalho, com novos empregos e profissões, e grandes mudanças na mobilidade, algumas delas influenciadas pela experiência do Covid.

Seguidamente, o palestrante deu-nos uma ampla visão das alterações verificadas, a nível mundial, na atitude perante o planeta e a sua exploração, com transformações drásticas no mundo rural, pelo constante aumento da dimensão física das explorações, diminuição da biodiversidade em todas as suas vertentes (biológica como animal), com áreas enormes dedicadas a monoculturas, e ainda a cada vez mais complexa gestão da água.

Fez seguidamente um roteiro por povos nativos de vários continentes, que na sua cultura (conceito da “Weltanschauung” Kantiana = cosmovisão) apresentam uma estreitíssima ligação entre a saúde física e mental do Homem e a forma como se envolve com o seu ambiente. Não existindo uma harmonia entre ambos, abrem-se as portas ao aparecimento de doenças. Por outro lado, essas são frequentemente tratadas não apenas recorrendo a ervas e plantas, mas também a rituais de purificação destinados a restabelecer a unidade entre corpo e espírito. Na maioria dessas culturas, existe ainda um profundo respeito pela sabedoria e os conselhos dos idosos ou anciãos. Alguns dos povos citados foram os Yoruba (Nigéria), os Inuit (= esquimós) do Canadá, os Han da China (energia Yin-Yang, medicina tradicional chinesa, acupunctura), os povos indígenas da Amazónia e os Pigmeus do Congo, estes últimos com uma visão muito peculiar onde a doença equivale à rejeição social.

Em conclusão, foram enunciadas algumas situações que poderão justificar algum optimismo, reveladoras duma maior preocupação com energia limpa, protecção dos oceanos e das florestas, redução dos plásticos, reflorestação de zonas desérticas (China, Sahará).

Muito gratos ao excelente e erudito comunicador, Dr. Miguel Peixoto, que soube cativar a audiência, tal como já fizera na sua igualmente interessante palestra sobre África. Ficamos desde já a aguardar o próximo tema ...

Christiane Schickert

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