De 11 a 13 de Maio, um grupo de alunos da Autitv, acompanhados pelo Dr. Travanca, tiveram o privilégio de viajar por zonas com marcada presença cisterciense no fértil vale do Varosa.
Desde o século XII que a Ordem de Cister se instalou em Portugal, acompanhando a sua formação e estendendo o progresso através da fundação dos seus mosteiros, nas regiões norte e centro de Portugal.
Com a protecção régia, os monges contribuíram para o desenvolvimento e colonização das grandes áreas que ocuparam, usando técnicas na agricultura e cultivo da vinha que ainda hoje perduram.
A Ordem de Cister foi deixando na paisagem marcas de grande valor artístico para o património nacional, construindo templos entre os rios Távora e Varosa.
A nossa visita teve início no Mosteiro de São João de Tarouca edificado cisterciense mais antigo, em território português, iniciado em 1154 e cuja fundação está ligada a D. Afonso Henriques.
O Mosteiro foi sofrendo ampliações nos séculos XVII e XVIII e onde se destaca um enorme dormitório de dois pisos. O Mosteiro depois da extinção das Ordens Religiosas em 1834, deixou de ser um espaço de oração e conhecimento e as ruínas levaram-no a importantes trabalhos de escavações arqueológicas.
A igreja está dividida em três naves, sendo a central mais elevada. Os altares são de talha dourada e os retábulos com pinturas sobre madeira. O de S. Pedro; Nossa Senhora da Glória e S. Miguel são atribuídos a Gaspar Vaz.
Na igreja, repousa num enorme sarcófago em granito, decorado com cenas de caça, D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos , filho bastardo do rei D. Dinis.
De salientar também o famoso cadeiral em madeira escura trabalhada. Este.monumento nacional é dos mais visitados da região.
A explicação do guia que no centro interpretativo fez a primeira abordagem foi muito enriquecedora.
Continuámos a viagem pelo Vale do Varosa, sempre ladeados pelos sabugueiros floridos de branco que emprestavam à paisagem uma alvura refrescante
Ao atravessar o Varosa deparamos com a belíssima ponte medieval e a sua torre fortificada. É a Ponte de Ucanha, erigida durante os séculos XIV e XV e que marca a entrada no couto monástico separando os poderes monástico e episcopal. Aqui é reafirmado o poder de Cister que exigia aos viandantes o pagamento da portagem naquela via que era a mais importante no acesso a Lamego.
Ficámos deslumbrados pela inovação da época, subimos à torre e tirámos também fotos, às pequenas habitações que nos levaram a tempos passados.
Terminámos o dia com a visita ao Mosteiro de Santa Maria de Salzedas , considerado Monumento Nacional e cuja fundação está ligada a Teresa Afonso, segunda esposa de Egas Moniz.
Foi ampliado no século XVII e XVIII com destaque para o enorme claustro com traço do arquitecto maltês Carlos Gimach . Com a extinção das Ordens. Religiosas parte das suas dependências monásticas foram vendidas em hasta pública.
Seguimos ao final do dia para Tabuaço e ficámos bem alojados no Plácido Hotel do Douro, rodeado de giestas, perfumes campestres e dos sons de pássaros que nos trouxeram uma paz repousante.
Serpenteando ao redor do rio, a região demarcada do Douro foi deixando antever uma paisagem deslumbrante como de uma tela se tratasse com a urdidura das vinhas, tecidas nos socalcos e trabalhadas por homens fortes do Douro que nos mostram, com orgulho, uma arte rara no mundo.
Depois de um bom pequeno almoço buffet, descemos a caminho da Régua, desfrutando de belas paisagens até à Quinta da Pacheca onde numa visita guiada se visitou a Adega e houve prova de vinhos.
Continuámos a viagem para Lamego e, no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios ficámos por momentos em meditação.
Alguns optaram por descer o escadório monumental, ex-líbris da cidade, observando as capelas laterais.
A visita à Sé e ao Museu da cidade impunham-se.
Foi uma tarde cultural muito rica em que o Sol também se quis associar. Vagueámos pelas ruas da cidade , passando por palacetes brasonados reveladores de um nobre passado histórico.
Terminámos na Igreja Almacave, onde se realizaram em 1143 as primeiras Cortes do Reino de Portugal.
No terceiro e último dia de viagem, ainda nos dirigimos em minibus e, outros, mais aventureiros percorreram a pé, talvez impulsionados pela manhã radiosa de sol e pela beleza das árvores floridas e das flores campestres , os 3 km que nos distanciavam do Ermitério de São Pedro das Águias. Este monumento foi construído no meio de uma escarpa rochosa, no fundo de um vale sobre o rio Távora.
Reza a lenda que o abade Gelásio casou a princesa moura, Ardinga, com o cavaleiro cristão D. Tedon.
Um agradecimento ao Dr. Travanca pela oportunidade que nos deu de podermos alargar horizontes ao abrir-nos caminhos da surpresa e do inesperado.
Foi óptimo aprender, conviver e voltar com perspectivas renovadas.
(Maria Manuela Estêvão)