20/03/2020

Adiamento da Assembleia Geral Ordinária

A AUTITV informa que devido à situação vivida no país e ao estado de emergência decretado, a Assembleia Geral marcada para o dia 26 de Março, não se efectuará.
Quando estiverem reunidas as condições para a sua realização, oportunamente será comunicado.
A Presidente da Assembleia Geral

10/03/2020

Alimentação e Desenvolvimento Sustentável


No âmbito da disciplina "Desenvolvimento Local", a professora Palmira Cipriano Lopes realizou, no dia 6 de Março, uma visita e estudo a duas organizações económicas de produção alimentar: Associação dos Produtores Agrícolas de Sobrena (APAS) e Cooperativa dos Fruticultores do Cadaval (COOPVAL), ambas sediadas no Concelho do Cadaval.

O texto que a seguir se transcreve é da autoria da Professora Palmira Lopes, organizadora da visita em apreço:


"Chegamos ao Cadaval pouco antes das 10 horas, onde nos esperava um técnico da organização Leeder Oeste, o Dr. David Gamboa, que orientou todo o programa das visitas e nos acompanhou nas mesmas. 

Na parte da manhã visitamos a APAS, onde tivemos uma preciosa comunicação coloquial feita pelo Eng. Agrónomo João Azevedo, técnico assistente da Associação. 

Na sua comunicação, o técnico explicou - nos todo o processo de produção, desde a seleção e preparação do solo para as principais culturas da região, pomoideas (frutos de pevide, como pera e maça) e pronoideas (frutos de caroço, como pêssego e damasco) das quais se salienta a pereira da variedade Rocha . 

A Associação encontra-se num local climaticamente privilegiado para esta variedade de pêra e usa a tecnologia mais avançada no domínio da ciência até agora estudada para uma produção rentável e sustentável. 

Como, análise de solos mais adequados a cada tipo de cultura, a gestão da água de rega e da aplicação fito sanitária, com estudos efetuados em laboratório, como tivemos oportunidade de verificar. 

A propósito da questão, hoje tão invocada, da aplicação química, o técnico abordou diversos mitos e más crenças no que respeita a tratamentos fito sanitários, os prejudiciais e os não prejudiciais e, a substituição de tratamentos prejudiciais por processos absolutamente naturais e de equilíbrio da natureza, confirmados pelos exemplos que nos mostrou no terreno. 

No seu discurso, refere a grande importante que Associação tem dado e continua a dar, à formação tecnológica e assistência técnica aos produtores, referindo que o agricultor de hoje, para gerir a sua exploração, por pequena que seja, precisa de uma boa formação de base e de permanente informação. Essa é uma das grandes valias desta Associação, como de outras que funcionem bem. 

Em resposta a algumas questões colocadas, como o custo de implantação de um pomar, bem como a rentabilidade do mesmo. O técnico respondeu, quanto ao custo ronda cerca de 15mil euros por hectare, que irá ter uma durabilidade rentável de cerca de 15 anos. Quanto à rentabilidade é mais difícil de responder, porque depende de variadas circunstâncias climáticas, mas também de mercado. De qualquer forma, disse, com menos de 2 hectares de pomar é muito difícil obter uma rentabilidade que cubra a amortização de investimento, mais os gastos de exploração. 

Outras questões colocadas durante o colóquio foi a dos terrenos incultos e a da policultura. 

Quanto à primeira a resposta está quase dada pela questão do custo de investimento e rentabilidade do pomar. Mas acrescenta, os terrenos incultos muitas vezes não têm aplicação para acultura que lá foi plantada e precisam de uma reestruturação, seja de ajuste de superfície, seja substituição da cultura. Quando não se faz nem uma coisa nem outra, o inculto protegido também faz falta à natureza. Para isso cá está a Associação para melhor conduzir cada caso em particular, porque também temos a parte florestal. 

Quanto à policultura, é um benefício sem preço. Sabemos que o sistema de produção de pequenas parcelas de culturas diversas não é rentável, mas é necessário. Ele tem várias valências seja do ponto de vista da economia familiar, social e cultural, seja também do ponto de vista ambiental. A biodiversidade é uma protetora natural de equilíbrio da natureza, o que já não acontece com a monocultura que por causar desiquilíbrio da natureza requer muito mais proteção e cuidados que também implicam maiores custos. 

Existe hoje grande preocupação com o problema da monocultura, mas que, sem a qual não seria possível alimentar o mundo. Há que encontrar o equilíbrio, por isso existem também medidas políticas em defesa da sustentabilidade da agricultura familiar. 

Chegados ao fim da visita, no colóquio, no laboratório e no campo, despedimo-nos e partimos para o almoço. 

O almoço foi servido na Colónia de Férias do Cadaval, chegados à referida colónia, a receção foi excelente e o almoço também. 

Esta colónia é uma instituição turística particular, com instalações de dormida, comida e laser, instalada numa área rural de 5 hectares, destinada principalmente à juventude, mas onde os seniores aspiraram a uma regalada semana de férias, possibilidade não excluída por parte da gestão da casa. 

O projeto desta colónia foi apoiado pela Leeder Oeste, que nos acompanhou e nos proporcionou, através de audiovisual, uma amostragem do que é, e o que faz a Leeder, sediado nesta região, Leeder Oeste. 

A Leeder é uma organização apoiada por fundos comunitários que existe em todos os países da Comunidade Europeia. 

Na parte da tarde visitamos a Cooperativa Agrícola dos Fruticultores do Cadaval , a COOPVAL 

Nesta visita fomos recebidos pelo Presidente da Direção da Cooperativa, o Senhor Aristides Sécio, Ex presidente, por três mandatos, da Câmara Municipal do Cadaval. 

Que começou por nos fazer uma rápida discrição dos 50 anos de existência da Cooperativa. - A COOPVAL foi criada em 1969, por 12 associados fundadores, sendo o nº 1 uma mulher, Fernanda Soares Correia. Durante a sua existência, tem vindo a crescer e conta hoje com 300 associados. É a maior cooperativa frutícola do país com uma área coberta de 24 mil m2 e uma capacidade de frio de 24 mil toneladas, com mais de 80% em atmosfera controlada, destinada à exportação. 

Dispõe de 50 câmaras de atmosfera controlada (AC) para 17 mil toneladas, 13 câmaras de atmosfera natural (AN) com capacidade para 7 mil toneladas , 1 câmara de maturação para 20 toneladas e 2 câmaras de ensaio com capacidade para 4 toneladas. 

Exporta cerca de 80% da produção anual que ronda as 20.500 toneladas. Os países de importação sistematizada são: a Inglaterra, o Canadá, os Estados Unidos, a Holanda, a Alemanha, a Itália, a Rússia, a França, Marrocos e Brasil. 

Antes de passarmos à visita à secção de seleção e embalamento, o Senhor Presidente, que nos acompanhou durante todo o percurso da mesma, explicou-nos o sistema funcional cooperativo da COOPVAL. 

- É um sistema misto, em que os associados cultivam os seus pomares e produzem a fruta que é colocada na cooperativa para tratamento, embalamento e comercialização. Além da armazenagem e tratamento de todo o do produto até chegar ao mercado, maioritariamente estrangeiro, e da comercialização, a cooperativa dispõe de técnicos que dão formação e prestam assistência técnica de produção aos associados. 

No final do exercício contabilístico, os resultados são distribuídos equitativamente por cada associado. 

Faz ainda uma pequena resenha do historial da pêra Rocha: 

- A pêra rocha é uma variedade de pêra de origem portuguesa identificada há cerca de 170 anos, em 1836, na propriedade do Senhor Pedro António Rocha, na região de Sintra. Verificou este agricultor a existência de uma pereira, com frutos de grande qualidade e diferente de todas as outras. Este fenómeno que gerou grande regozijo ao seu proprietário, esperou quase um século para em 1932, num congresso nacional sobre pomoideas, abrir caminho para se impôr como um produto DOP ( Denominação de Origem Protegida), designada como como - Pera Rocha do Oeste, com uma confraria criada pela Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP), a primeira confraria alusiva a fruta. 

Embora a pera rocha se possa encontrar por todo po país, é nesta região, que vai de Sintra a Leiria, que ela se pode produzir com a categoria DOP. Ainda que a região se estenda de Sintra a Leiria, com uma área total de 2073 hectares, o núcleo central situa-se nos concelhos do Cadaval e Bombarral, circundados de Caldas da Rainha, Alcobaça, Torres Vedras, Lourinhã , Óbidos e Mafra. 

No mesmo intuito de prestação de serviço aos associados , que se veio a estender ao público em geral, dispõe a cooperativa de um posto de abastecimento de combustível. 

Junto a este posto e também da cooperativa, funciona uma pequena loja de produtos alimentares frescos ( hortícolas e frutos) e outros produtos diversos de produção local. 

Para terminar visitamos essa pequena loja, onde tivemos oportunidade de fazer algumas compras. 

No final da visita, em ato de despedida, o Senhor Aristides Sécio, Presidente da Cooperativa, ofereceu gentilmente a cada visitante, uma bonita embalagem individual com uma pêra e para a Instituição promotora da visita, a AUTITV, uma importante brochura comemorativa dos 50 anos da COOPVAL". 


















AVISO - Medida Preventiva


06/03/2020

VISITA À SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA E EXPOSIÇÃO NO MUSEU DE SÃO ROQUE “UM REI E TRÊS IMPERADORES”

A 5 de Março passado, a disciplina de Genealogia levou a cabo uma visita de Estudo ao Museu de São Roque, onde está a decorrer a exposição “Um Rei e três Imperadores” e ao Museu Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.


As visitas foram guiadas pela Dra. Patrícia Lamas e Dr. Ricardo Máximo, o primeiro relativo à exposição de São Roque e o segundo debruçou-se na vertente da Santa Casa da Misericórdia tendo a preocupação de nos elucidar sobre os factores que levaram à sua Fundação, seus propósitos e a inevitável componente genealógica através dos expostos e enjeitados que se recebiam na chamada “Roda dos Expostos”.

A Dra. Patrícia Lamas tendo a seu cargo a descrição pormenorizada da exposição, exaltou em primeiro lugar o papel preponderante e notável da missão católica na China atribuído em exclusividade aos jesuítas, donde se sobressai inicialmente S. Francisco Xavier, sob o padroado português. Detalhou a habilidosa diplomacia de D. João V que com “fios de seda” foi levando a água ao seu moinho no diálogo com os três Imperadores, de nomes Kangxi, Yonzgeng e Quianlong. 
Tendo reinado durante 44 anos, D. João V foi-se debatendo mais acintosamente com o segundo Imperador (Yonzgeng).
Caracterizando estes Imperadores encontramos que o primeiro (Kangxi) foi o terceiro imperador da Disnastia Qing, a última do Império Chinês, de origem Manchu; o segundo (Yonzgeng), o que mais lidou com o Reino de Portugal, foi o quarto imperador da Dinastia Manchu; Quianlong quinto imperador manchu da Dinastia Qing.
Entre os Séculos XVII e XVIII os Imperadores Chineses e D. João V travaram relações determinantes, no diálogo entre o Ocidente Europeu e o Império do Meio. China e Portugal assumem-se potências e agem como potências. A China suportada pela sua dimensão, sua força e na sua potência da sua civilização e Portugal suportado no seu Império, no prestígio da Cristandade, no Padroado do Oriente e na Companhia de Jesus. Grandes embaixadas são enviadas, destacando-se António Magalhães ao ser investido pessoalmente pelo Imperador Kangxi e feito seu Mandarim de 3º. Grau de barba e hábito vermelho, ao chegar a Portugal e ser recebido por El-Rei D. João V, e quando regressa à China vê ser-lhe manifestado pública e claramente por Yongzheng o favor imperial através do barrete de pele.
Assim se mantém a pujança dos Jesuítas não só como missionários do Cristianismo, mas também como interlocutores de privilégio da Coroa de Portugal.
Eis algumas fotos da exposição: 





A Dra. Patrícia Lamas, proporcionou-nos através de uma comunicação fácil, interactiva, precisa e de diálogo afável uma empatia plena de satisfação.

Ao Dr. Ricardo, estava reservado a intromissão no mundo do Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa onde detém até esta altura o maior acervo de expostos ou enjeitados do País. Nesta área, claro que os alunos de Genealogia se encontravam mais ansiosos, pois “expostos” quer sempre dizer mistério ou melhor incerteza. 

Foi uma explicação onde inicialmente se mencionou a data da fundação da Instituição, que se situa a 15 de Agosto de 1498, coincidente com a descoberta do caminho marítimo para a Índia, por iniciativa da Rainha D. Leonor de Avis, esposa de D. João II. Daí à atribuição no Século XVI a incumbência da criação e educação das crianças órfãs da Cidade de Lisboa, como por exemplo a administração do Hospital de Todos os Santos, onde abrangia a hospedagem, o abrigo, o apoio, não só de doentes como de crianças desamparadas e sem tecto.

Falou-se na “roda dos expostos” onde na sua parte externa se depositava a criança abandonada, e na zona interna se recolhia a mesma através da “rodeira” registando de imediato a sua entrada, com todos os sinais e características do bebé, verificando-se se era acompanhado de algum sinal, de resgate ou não, e de imediato o recebimento do sacramento do baptismo.

Eis imagens, não só do Livro de registos, como de sinais de um possível resgate:



Sobre o guia, Dr. Ricardo Máximo, também foi um elemento, disponível, conhecedor, atento e muito dialogante, tendo granjeado a simpatia dos professores e alunos presentes.

Por sugestão da Dra. Patrícia Lamas, foi possível e um privilégio visitar a “Brotéria” espaço que integra o pólo cultural de São Roque, sito no antigo Palácio dos Condes de Tomar, através de uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. É um espaço lindíssimo integralmente restaurado, onde se destaca a imponente escadaria em mármore iluminada por uma enorme clarabóia e onde se tem acesso ao andar superior, com salas de estudo, salas de eventos, biblioteca e a um oratório. A sala de estudo, denominada “sala dos couros” é escura por todas as paredes serem forradas a couro. Os tectos são totalmente trabalhados e foi motivo de grande interesse e satisfação. 

De realçar que a Brotéria foi fundada em 1902, em homenagem a Avelar Brotero constituindo-se como revista focalizada para as Ciências Naturais, seguindo os naturalistas da Companhia de Jesus.

Grande clarabóia de entrada

 Oratório

Sala de Estudo ou dos Couros

Foram visitas muito interessantes plenas de cultura que muito nos enriqueceu e estamos crentes que foram suplantadas todas as expectativas.


Adolfo Conceição