06/03/2020

VISITA À SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA E EXPOSIÇÃO NO MUSEU DE SÃO ROQUE “UM REI E TRÊS IMPERADORES”

A 5 de Março passado, a disciplina de Genealogia levou a cabo uma visita de Estudo ao Museu de São Roque, onde está a decorrer a exposição “Um Rei e três Imperadores” e ao Museu Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.


As visitas foram guiadas pela Dra. Patrícia Lamas e Dr. Ricardo Máximo, o primeiro relativo à exposição de São Roque e o segundo debruçou-se na vertente da Santa Casa da Misericórdia tendo a preocupação de nos elucidar sobre os factores que levaram à sua Fundação, seus propósitos e a inevitável componente genealógica através dos expostos e enjeitados que se recebiam na chamada “Roda dos Expostos”.

A Dra. Patrícia Lamas tendo a seu cargo a descrição pormenorizada da exposição, exaltou em primeiro lugar o papel preponderante e notável da missão católica na China atribuído em exclusividade aos jesuítas, donde se sobressai inicialmente S. Francisco Xavier, sob o padroado português. Detalhou a habilidosa diplomacia de D. João V que com “fios de seda” foi levando a água ao seu moinho no diálogo com os três Imperadores, de nomes Kangxi, Yonzgeng e Quianlong. 
Tendo reinado durante 44 anos, D. João V foi-se debatendo mais acintosamente com o segundo Imperador (Yonzgeng).
Caracterizando estes Imperadores encontramos que o primeiro (Kangxi) foi o terceiro imperador da Disnastia Qing, a última do Império Chinês, de origem Manchu; o segundo (Yonzgeng), o que mais lidou com o Reino de Portugal, foi o quarto imperador da Dinastia Manchu; Quianlong quinto imperador manchu da Dinastia Qing.
Entre os Séculos XVII e XVIII os Imperadores Chineses e D. João V travaram relações determinantes, no diálogo entre o Ocidente Europeu e o Império do Meio. China e Portugal assumem-se potências e agem como potências. A China suportada pela sua dimensão, sua força e na sua potência da sua civilização e Portugal suportado no seu Império, no prestígio da Cristandade, no Padroado do Oriente e na Companhia de Jesus. Grandes embaixadas são enviadas, destacando-se António Magalhães ao ser investido pessoalmente pelo Imperador Kangxi e feito seu Mandarim de 3º. Grau de barba e hábito vermelho, ao chegar a Portugal e ser recebido por El-Rei D. João V, e quando regressa à China vê ser-lhe manifestado pública e claramente por Yongzheng o favor imperial através do barrete de pele.
Assim se mantém a pujança dos Jesuítas não só como missionários do Cristianismo, mas também como interlocutores de privilégio da Coroa de Portugal.
Eis algumas fotos da exposição: 





A Dra. Patrícia Lamas, proporcionou-nos através de uma comunicação fácil, interactiva, precisa e de diálogo afável uma empatia plena de satisfação.

Ao Dr. Ricardo, estava reservado a intromissão no mundo do Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa onde detém até esta altura o maior acervo de expostos ou enjeitados do País. Nesta área, claro que os alunos de Genealogia se encontravam mais ansiosos, pois “expostos” quer sempre dizer mistério ou melhor incerteza. 

Foi uma explicação onde inicialmente se mencionou a data da fundação da Instituição, que se situa a 15 de Agosto de 1498, coincidente com a descoberta do caminho marítimo para a Índia, por iniciativa da Rainha D. Leonor de Avis, esposa de D. João II. Daí à atribuição no Século XVI a incumbência da criação e educação das crianças órfãs da Cidade de Lisboa, como por exemplo a administração do Hospital de Todos os Santos, onde abrangia a hospedagem, o abrigo, o apoio, não só de doentes como de crianças desamparadas e sem tecto.

Falou-se na “roda dos expostos” onde na sua parte externa se depositava a criança abandonada, e na zona interna se recolhia a mesma através da “rodeira” registando de imediato a sua entrada, com todos os sinais e características do bebé, verificando-se se era acompanhado de algum sinal, de resgate ou não, e de imediato o recebimento do sacramento do baptismo.

Eis imagens, não só do Livro de registos, como de sinais de um possível resgate:



Sobre o guia, Dr. Ricardo Máximo, também foi um elemento, disponível, conhecedor, atento e muito dialogante, tendo granjeado a simpatia dos professores e alunos presentes.

Por sugestão da Dra. Patrícia Lamas, foi possível e um privilégio visitar a “Brotéria” espaço que integra o pólo cultural de São Roque, sito no antigo Palácio dos Condes de Tomar, através de uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. É um espaço lindíssimo integralmente restaurado, onde se destaca a imponente escadaria em mármore iluminada por uma enorme clarabóia e onde se tem acesso ao andar superior, com salas de estudo, salas de eventos, biblioteca e a um oratório. A sala de estudo, denominada “sala dos couros” é escura por todas as paredes serem forradas a couro. Os tectos são totalmente trabalhados e foi motivo de grande interesse e satisfação. 

De realçar que a Brotéria foi fundada em 1902, em homenagem a Avelar Brotero constituindo-se como revista focalizada para as Ciências Naturais, seguindo os naturalistas da Companhia de Jesus.

Grande clarabóia de entrada

 Oratório

Sala de Estudo ou dos Couros

Foram visitas muito interessantes plenas de cultura que muito nos enriqueceu e estamos crentes que foram suplantadas todas as expectativas.


Adolfo Conceição

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