18/02/2020

Ainda sobre Cesário Verde...


CESÁRIO VERDE, GRANDE POETA 

Na tarde do passado dia 14 de Fevereiro, o professor Joaquim Moedas Duarte animou um colóquio falando de Cesário Verde que ficou conhecido como poeta mas foi também vendedor de parafusos e exportador de frutas. O seu pai tinha na baixa lisboeta uma loja de ferragens que o poeta chegou a gerir, além de uma quinta em Linda-a-Pastora, onde cultivava fruta de boa qualidade. 

Moedas Duarte começou por esclarecer que não ia dar uma lição mas sim um testemunho pessoal sobre o modo como se deixou fascinar pela obra daquele poeta, para que as pessoas presentes ficassem também a gostar dele e lessem a sua obra. 

A obra conhecida de Cesário Verde consta de 41 poemas e 32 cartas. Algumas delas para o seu amigo Silva Pinto – escritor, crítico literário, ensaísta, dramaturgo e romancista – o qual, após a morte do poeta, coligiu parte dos poemas e publicou-os com o título O Livro de Cesário Verde. Antecedeu os poemas com um texto escrito no próprio dia do funeral do amigo, páginas repassadas de desgosto que ainda hoje nos impressionam pela sua pungência. Moedas Duarte relatou que foi esse texto, lido há muitos anos, que o motivou a conhecer melhor Cesário Verde, indo ao ponto de sentir necessidade de ir até junto do jazigo onde repousam os restos mortais do poeta, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. 

Cesário Verde nasceu em Lisboa a 25 de Fevereiro de 1855 e morreu no Paço do Lumiar, com 31 anos, a 18 de Julho de 1886, vítima de tuberculose. Toda a sua curta obra foi publicada, no seu tempo, em jornais e revistas. e só depois da sua morte é que foi publicada em livro. 

Fialho de Almeida, primeiro, e Fernando Pessoa mais tarde, reconheceram o extraordinário valor do poeta. Sobretudo F. Pessoa que o considerou seu Mestre e o nomeou em diversos passos da sua obra. 

Cesário adoeceu gravemente e sentindo a aproximação da morte foi para Caneças para beneficiar de ares mais puros naquela região. De lá escreveu a um amigo: “curo-me? Sim, talvez. Mas como fico eu? Um cangalho, um canastrão, um grande cesto roto; entra-me o vento, entra-me a chuva no corpo escangalhado” 

Moedas Duarte leu vários poemas de Cesário acompanhados de observações e comentários. 

Os alunos presentes gostaram muito, a avaliar pelos grandes aplausos finais. 

                                                                 (Joaquim Cosme)










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