10/02/2020

Fábrica de Santana e Colégio Manuel Bernardes


 Nas "terras de Sant´Anna", em 1741, começou a laborar uma pequena olaria que apenas trabalhava o barro vermelho e produzia peças de barro sem qualquer decoração.
Após o terramoto de 1755 que devastou a cidade de Lisboa foi necessário e urgente a sua reconstrução. 
Como substituto da pedra, por ser mais barato, surge o azulejo no revestimento das fachadas dos prédios.

A produção aumentou e a pequena olaria, no início do século XX deslocou-se para a Rua da Junqueira onde ficou mais 20 anos.
Hoje, a Fábrica de Sant´Anna encontra-se na Calçada da Boa Hora e continua com o fabrico artesanal desde o trabalhar do barro, à vidração e pintura.

A Fábrica é de reconhecido valor mundial pelas faianças e azulejos que se apresentam com a qualidade de um trabalho único desde a confecção à pintura manual.

Foi-nos dado a conhecer a forma de preparar o barro para moldar o azulejo, espaço de secagem temporária e a zona dos fornos e estufas onde as peças cozem a altas temperaturas.

Passámos pelos painéis montados e observámos os desenhos e a pintura à mão que o pintor executava. Como são peças artesanais o desenho e o tom da tinta têm algumas pequenas alterações que lhes conferem uma unicidade valiosa.
Surgiram muitas perguntas, tiraram-se dúvidas porque também estavam alunos e professores da disciplina de Cerâmica e Azulejo, as quais foram prontamente esclarecidas pela guia com formação em design e cerâmica.

A visita continuou no Colégio Manuel Bernardes, instituição educativa privada fundamentada nos princípios defendidos pela Igreja Católica. Fundado em 6 de Novembro de 1935, pelo Padre Augusto Gomes Pinheiro, no início só para rapazes em regime de internato, passou em 1984 a externato misto.
Actualmente o Colégio Manuel Bernardes está instalado na Quinta dos Azulejos, na Quinta de Santo António, na Quinta do Paço e no " Pavilhão - Casa Mãe, situados no Paço do Lumiar. O casarão da Quinta dos Azulejos apresenta a fachada revestida de padronagem de azulejo estampilhado, datado dos finais do século XIX.
A Quinta dos Azulejos é considerada património nacional. Foi mandada construir na primeira metade do século XVIII por António Colaço Torres, ourives de Lisboa e cavaleiro da Ordem de Cristo. D. Maria I ali terá vivido durante algum tempo. 
O acervo em azulejaria é muito rico com alguma influência holandesa, a maioria da primeira metade do século XVIII, da Real Fábrica do Rato, com cenas de caçadas, festas, de motivos religiosos, cenas de interior e de galanteio. 
A decoração dos bancos, fontes e colunas é toda em azulejos. No muro do lado nascente encontram-se cenas religiosas, medalhões e painéis nos tons de azul e branco e do lado poente, em tons de roxo, animais e plantas exóticas. 
Também se encontram neste jardim os bustos do Padre Augusto Gomes Pinheiro, fundador, proprietário e director do Colégio e o de Lacerda Luís Louro, admirável docente e fiel continuador do projecto do seu Fundador.



Um agradecimento da Autitv à Drª Rita Sarreira pela oportunidade e enriquecimento destas visitas.

Maria Manuela Estêvão

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