Para encerrar a Comemoração do Centenário de Saramago, após longo período de leitura, análise e comentário de vários romances do escritor, fomos a Lisboa vivenciar momentos de "O ano da morte de Ricardo Reis".
A tarde cultural teve início na Casa dos Bicos, onde a guia indigitada nos conduziu ao auditório; recebidos e informados sobre aspetos biográficos e literários, referentes ao Nobel da Literatura em 1998.
Visitámos o piso do memorial do escritor, com destaque para as suas agendas pessoais que denotam o caráter organizativo e sistematizado do visado. Noutro piso, a livraria para venda de obras de diversos autores portugueses e de demais material publicitário a Saramago.
Depois desta fase introdutória, demos início ao percurso de Ricardo Reis pela "cinzenta e chuvosa" Lisboa, assim caracterizada por ele, enquanto residente por nove meses (tempo da gestação e que permite ao fantasma de Fernando Pessoa acompanhá-lo, vagueando pela capital).
A guia foi fazendo as pausas convenientes à abordagem da obra, assim:
_No Martinho da Arcada foi relembrada a recusa à entrada no café porque "seria imprudente, as paredes têm olhos e boa memória" (diz F. Pessoa a R. Reis).
_Na Pr. do Município relembrámos o tão falado Hotel Bragança, escolhido pela vista privilegiada sobre o Tejo e hoje, apenas, fachada de atração turística.
_Uma pequena pausa, junto à estátua de Eça de Queiroz, cuja "nudez literária" escandalizou o puritanismo da época.
_Na Pr. Luís de Camões alusão à "espécie de D`Artagnan premiado com uma coroa de louros..." descrição feita ao poeta, a passar pelo crivo crítico de Saramago.
De passagem, demos uma olhadela à sede da PVDE (polícia de vigilância e defesa do estado) e atravessámos o Largo de S. Carlos, onde R. Reis, com o pretexto de reencontrar Marcenda, assistiu a uma representação teatral._Em Santa Catarina "o meu tempo chegou ao fim..." (diz F. Pessoa) e com a aceitação "então vamos" de R. Reis, apenas o Adamastor assistiu à partida de ambos "AQUI ONDE O MAR SE ACABOU E A TERRA ESPERA" - frase final do romance "O Ano da Morte de Ricardo Reis".
Pelo avançado da hora, parámos num café da rua Augusta para retemperar forças e para mastigar um pastel de nata, à pressa e sem sabor especial.
Gratidão e Amizade, Odete Bento
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