19/11/2019

Palestra - Alguns aspectos de Torres Vedras durante o antigo regime


No passado dia 14 de Novembro, teve lugar na sede Autitv, uma palestra sobre o tema “Alguns aspectos de Torres Vedras e da sua sociedade durante o Antigo Regime”, a cargo do Dr. João Flores Nunes da Cunha, que muito tem investigado e estudado sobre a vida e a sociedade torriense.

A sua exposição entusiasmou desde o início, pelo grande interesse que desde logo despertou em todos os que se propuseram ouvir atentamente a forma pormenorizada como apresentou esse período da História de Torres Vedras, que vai desde o Século XVI ao Século XVIII, referindo-se às suas características ao nível político (pelo Absolutismo), ao nível económico (pelo Mercantilismo) e, finalmente, no que à sociedade diz respeito (pela divisão em Ordens).
O orador realçou a forma como ao longo dos tempos tem conduzido os seus trabalhos de investigação, os quais foram iniciados pela genealogia e posteriormente por muitas pesquisas, quer na Torre do Tombo e nos Arquivos de Torres Vedras, quer nos Registos Paroquiais, referindo-se em particular à consulta de Trabalhos do Padre Félix Lopes.
Dos vários assuntos expostos deu destaque às “Portas da Várzea, Santana e Corredoura”; à vontade de D. João III na instalação de uma Universidade em Torres Vedras; ao facto de a Igreja de Na. Sra. Do Amial ser anterior à fundação da nacionalidade; às freguesias que então existiam: Santa Maria, S. Miguel, Santiago e S. Pedro e às colegiadas que eram compostas por um Prior, nomeado pelo Rei e por 10 padres, os quais recebiam uma ração mensal e que por tal motivo eram chamados de raçoeiros.
Relativamente à população existente e à forma como se encontrava distribuída, referiu que, no ano 1309, haveria cerca de 7.000/8.000 pessoas no concelho de Torres Vedras (2.000 habitantes na vila) e, no ano de 1820, cerca de 22.000 pessoas no concelho (4.000 habitantes na vila), sendo que a sociedade era, naquela época, composta por Nobres, Oficiais (ofícios) e Povo.
A finalizar o Dr. João Flores Nunes da Cunha realçou ainda os seguintes factos: que o primeiro Foral de Torres Vedras foi concedido por D. Afonso III; que a Santa Casa da Misericórdia tinha um numero clausulos até 120 irmãos, sendo que o Provedor, Secretário e Tesoureiro eram voluntários; e que, no princípio do século XIX, em Torres Vedras, havia 98 padres no clero secular e 51 frades.

Foi uma interessante palestra sobre a sociedade torriense durante um período já tão longínquo da actualidade, mas que a todos enriqueceu culturalmente.

(Leandro Guedes)



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